Cólera se espalha "rapidamente" pelo Líbano, diz OMS

Um surto mortal de cólera está se espalhando "rapidamente" pelo Líbano, exacerbado por uma prolongada crise econômica e infraestrutura em ruínas, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta segunda-feira. O primeiro surto de cólera no Líbano em décadas começou no início deste mês, depois que a doença virulenta se espalhou da vizinha Síria. "A situação no Líbano é frágil, pois o país já luta para combater outras crises, agravadas pela prolongada deterioração política e econômica", disse Abdinasir Abubakar, representante da OMS no Líbano. Desde 5 de outubro, mais de 1.400 casos suspeitos foram relatados no Líbano, incluindo 381 casos confirmados e 17 mortes, informou a OMS em um comunicado. Embora o surto tenha sido inicialmente confinado ao norte empobrecido, ele "se espalhou rapidamente" pelo Líbano, acrescentou. A OMS disse que ajudou o país sem dinheiro a garantir 600.000 doses de vacina, e os esforços para garantir mais estão "em andamento, dada a rápida disseminação do surto". A cólera é geralmente contraída a partir de alimentos ou água contaminados e causa diarreia e vômitos. Também pode se espalhar em áreas residenciais que não possuem redes de esgoto adequadas ou água potável da rede. O surto no Líbano vem na esteira de uma recente onda na Síria, onde mais de uma década de guerra danificou quase dois terços das estações de tratamento de água, metade das estações de bombeamento e um terço das torres de água, de acordo com as Nações Unidas. Acredita-se que o rio Eufrates, que foi contaminado por esgoto, seja a fonte do primeiro grande surto de cólera na Síria desde 2009. A cepa de cólera identificada no Líbano é "semelhante à que circula na Síria", disse a OMS. Autoridades libanesas disseram que a maioria dos casos estava entre refugiados sírios. O Líbano abriga mais de um milhão de refugiados sírios, muitos deles já atingidos pela pobreza antes do colapso econômico do Líbano começar há três anos. "A vulnerabilidade das pessoas no Líbano está sendo exacerbada por condições econômicas prolongadas e acesso limitado a água potável e saneamento adequado em todo o país", disse a OMS. Cortes de energia frequentes e prolongados em todo o Líbano interromperam o trabalho de estações de bombeamento de água e redes de esgoto. A cólera pode matar em poucas horas se não for tratada, de acordo com a OMS, mas muitos dos infectados não terão sintomas ou sintomas leves. Em todo o mundo, a doença afeta entre 1,3 milhão e quatro milhões de pessoas a cada ano, matando entre 21.000 e 143.000 pessoas.